11.13.2007

nº 3

" Ontem à noite, na cela nº 3 da cadeia local,enforcou-se o cidadão Alexandre Ivânovitch Konoválov. O suicida, originário de Murom, tinha 40 anos de idade.Fôra prêso e m Pscov, por vadiagem, e estavas endo recambiado à cidade de origem.O diretor da cadeia atesta que o suicida foi homem quieto, pensativo, de pouca conversa. O médico legista conclui que a causa do gesto tresloucado deve ser atribuída a melancolia aguda" Máximo Gorki

11.06.2007

De quando a vida se fez assim...

Uma poesia ártica,claro,
é isso que eu desejo.
Uma prática pálida,
três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja mais possível.
Frase, não, Nenhuma.
Uma lira nula,reduzida
ao puro mínimo,um piscar
do espírito,a única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens de equívocos
(ou enxame de monólogos?)
Sim, inverno, estamos vivos.
Paulo Leminski

da solidão

... quem sabe este vazio não some ...

8.03.2007

Ecos do ão

...
Rebenta na febem rebelião
Um vem com um refém e um facão
A mãe aflita grita logo: não!
E gruda as mãos na grade do portão
Aqui no caos total do cu do mundo cão
Tal a pobreza, tal a podridão
Que assim nosso destino e direção
São um enigma, uma interrogação
E se nos cabe apenas decepção
Colapso, lapso, rapto, corrupção?
E mais desgraça, mais degradação?
Concentração, má distribuição?
Então a nossa contribuição
Não é senão canção, consolação?
Não haverá então mais solução?
Não, não, não, não, não...
Pra descender a densa dimensão
Da mágoa imensa e tão somente então
Passar além da dor, da condição
De inferno e céu, nossa contradição
Nós temos que fazer com precisão
Entre projeto e sonho a distinção
Para sonhar enfim sem ilusão
O sonho luminoso da razão
E se nos cabe só humilhação
Impossibilidade de ascensão
Um sentimento de desilusão
E fantasias de compensação?
E é só ruína tudo em construção?
E a vasta selva só devastação?
Não haverá então mais salvação?
Não, não, não, não, não...
Porque não somos só intuição
Nem só pé de chinelo, pé no chão
Nós temos violência e perversão
Mas temos o talento e a invenção
Desejos de beleza em profusão
E idéias na cabeça coração
A singeleza e a sofisticação
O choro, a bossa, o samba e o violão
Mas se nós temos planos, e eles são
O fim da fome e da difamação
Por que não pô-los logo em ação?
Tal seja agora a inauguração
Da nova nossa civilização
Tão singular igual ao nosso ao
E sejam belos, livres, luminosos
Os nosso sonhos de nação
Lenine / Carlos Rennó