12.02.2010

Fanzine CAOS: Indivíduo

NÃO-LUGAR Augé (2005) define-os como sendo espaços de anonimato no quotidiano, espaços descaracterizados e impessoais, espaços a que não lhes são atribuídas quaisquer tipo de características pessoais.(...) “Os não-lugares são a medida da época; a medida quantificável e que se pode tomar adicionando, ao preço de algumas conversões entre superfície, volume e distância, as vias aéreas, ferroviárias, das auto-estradas e os habitáculos móveis ditos ‘meios de transporte’ (aviões, comboios, carros), os aeroportos, paradas de ônibus, metrô, as grandes cadeias de hotéis, os parques de recreio, as grandes superfícies da distribuição”, (...) “a distinção entre lugares e não-lugares passa pela oposição do lugar ao espaço”. (...) “O não-lugar é o contrário da utopia: existe e não alberga sociedade orgânica alguma. E que de dia para dia, acolhe cada vez mais pessoas” (...), sobretudo no grandes centros urbanos atuais.

9.14.2009

O herói absurdo

Uma reprodução livre do mito de Sísifo
Na Grécia Antiga viveu um homem chamado Sísifo, ele era rei da cidade que viria a chamar-se Corinto. Uma bela manhã, Sísifo, considerado um mestre na arte da malícia e dos truques, observa uma águia sobrevoar a cidade, tendo em suas garras uma bela jovem chamada Egina filha de Ásopo, um deus-rio. Logo percebe se tratar de uma das metamorfoses de Zeus, Deus do Olimpo.
Algum tempo depois Ásopo vem falar-lhe sobre o rapto de sua filha e lhe pediu informações. Sísifo faz um acordo, contará o que sabe em troca de uma fonte de água para sua cidade.
A fonte chamou-se Pirene.
Zeus, enfurecido, mandou o Deus da morte, Tânatos, para buscar Sísifo. Este elogiou a beleza de Tânatos e pediu-lhe permissão para lhe presentear com um colar. O colar era, na verdade, uma coleira com a qual Sísifo aprisionou a morte e driblou seu destino.
No entanto, Ares o Deus da Guerra, precisava da morte para concluir suas batalhas e reclamou a Hades, o guardião dos mortos. Este libertou Tânatos e condenou Sísifo ao inferno.
Ao despedir-se de sua mulher, Sísifo pediu-lhe que não enterrasse seu corpo.
Ao chegar no inferno mostrou-se irado a Hades, por seu corpo ter ficado exposto e pela falta de amor de sua mulher, pediu então um dia de prazo para voltar se vingar de sua esposa e fazer seu enterro.
Ao voltar a terra, Sísifo fugiu com sua mulher. Viveu até a velhice quando, ao morrer, foi condenado a empurrar eternamente um pedra de mármore até o cume de uma montanha sendo que, toda vez que a pedra chegava ao topo, ela voltava ao início.
"O ABSURDO E O SUICÍDIO Só existe um problema filosófico realmente sério: é o suicídio. Julgar se a vida vale ou não a pena ser vivida é responder à questão fundamental da filosofia. O resto, se o mundo tem três dimensões, se o espírito tem nove ou doze categorias, aparece em seguida. São jogos. É preciso, antes de tudo, responder. E se é verdade, como pretende Nietzsche, que um filósofo, para ser confiável, deve pregar com o exemplo, percebe-se a importância dessa resposta, já que ela vai preceder o gesto definitivo. Estão aí as evidências que são sensíveis para o coração, mas que é preciso aprofundar para torná-las claras à inteligência. Se me pergunto em que julgar se uma questão é mais urgente do que outra, respondo que é com as ações a que ela induz. Eu nunca vi ninguém morrer pelo argumento ontológico. Galileu, que detinha uma verdade científica importante, abjurou-a com a maior facilidade desse mundo quando ela lhe pôs a vida em perigo. Em um certo sentido, ele fez bem. Essa verdade valia a fogueira. Se for a Terra ou o Sol que gira em torno um do outro é algo profundamente irrelevante. Resumindo as coisas, é um problema fútil. Em compensação, vejo que muitas pessoas morrem por achar que a vida não vale a pena ser vivida. Vejo outras que paradoxalmente se fazem matar pelas idéias ou as ilusões que lhes proporcionam uma razão de viver (o que se chama uma razão de viver é, ao mesmo tempo, uma excelente razão de morrer). Julgo, portanto, que o sentido da vida é a questão mais decisiva de todas. E como responder a isso? A respeito de todos os problemas essenciais, o que entendo como sendo os que levam ao risco de fazer morrer ou os que multiplicam por dez toda a paixão de viver, provavelmente só há dois métodos para o pensamento: o de La Palisse e o de Don Quixote. É o equilíbrio da evidência e do lirismo o único que pode nos permitir aquiescer ao mesmo tempo à emoção e à clareza. Em um assunto simultaneamente tão modesto e tão carregado de patético a dialética clássica e mais sábia deve, pois dar lugar — convenhamos — a uma atitude intelectual mais humilde e que opera tanto o bom senso como a simpatia."
Albert Camus - O mito de sísifo
Questão: Até que ponto nossa ações fazem algum sentido?

1.24.2008

Magnifique art

“El hombre se manifiesta en la historia
por las vías del arte y del trabajo,
de la obra manual o del pensamiento,
y cada una de estas manifestaciones
delata su perfeccionamento o su rudeza,
su adelanto o su retroceso dentro
del camino progressivo de la cultura.”
Pequod - Vitor Ramil

11.13.2007

nº 3

" Ontem à noite, na cela nº 3 da cadeia local,enforcou-se o cidadão Alexandre Ivânovitch Konoválov. O suicida, originário de Murom, tinha 40 anos de idade.Fôra prêso e m Pscov, por vadiagem, e estavas endo recambiado à cidade de origem.O diretor da cadeia atesta que o suicida foi homem quieto, pensativo, de pouca conversa. O médico legista conclui que a causa do gesto tresloucado deve ser atribuída a melancolia aguda" Máximo Gorki

11.06.2007

De quando a vida se fez assim...

Uma poesia ártica,claro,
é isso que eu desejo.
Uma prática pálida,
três versos de gelo.
Uma frase-superfície
onde vida-frase alguma
não seja mais possível.
Frase, não, Nenhuma.
Uma lira nula,reduzida
ao puro mínimo,um piscar
do espírito,a única coisa única.
Mas falo. E, ao falar, provoco
nuvens de equívocos
(ou enxame de monólogos?)
Sim, inverno, estamos vivos.
Paulo Leminski

da solidão

... quem sabe este vazio não some ...

8.03.2007

Ecos do ão

...
Rebenta na febem rebelião
Um vem com um refém e um facão
A mãe aflita grita logo: não!
E gruda as mãos na grade do portão
Aqui no caos total do cu do mundo cão
Tal a pobreza, tal a podridão
Que assim nosso destino e direção
São um enigma, uma interrogação
E se nos cabe apenas decepção
Colapso, lapso, rapto, corrupção?
E mais desgraça, mais degradação?
Concentração, má distribuição?
Então a nossa contribuição
Não é senão canção, consolação?
Não haverá então mais solução?
Não, não, não, não, não...
Pra descender a densa dimensão
Da mágoa imensa e tão somente então
Passar além da dor, da condição
De inferno e céu, nossa contradição
Nós temos que fazer com precisão
Entre projeto e sonho a distinção
Para sonhar enfim sem ilusão
O sonho luminoso da razão
E se nos cabe só humilhação
Impossibilidade de ascensão
Um sentimento de desilusão
E fantasias de compensação?
E é só ruína tudo em construção?
E a vasta selva só devastação?
Não haverá então mais salvação?
Não, não, não, não, não...
Porque não somos só intuição
Nem só pé de chinelo, pé no chão
Nós temos violência e perversão
Mas temos o talento e a invenção
Desejos de beleza em profusão
E idéias na cabeça coração
A singeleza e a sofisticação
O choro, a bossa, o samba e o violão
Mas se nós temos planos, e eles são
O fim da fome e da difamação
Por que não pô-los logo em ação?
Tal seja agora a inauguração
Da nova nossa civilização
Tão singular igual ao nosso ao
E sejam belos, livres, luminosos
Os nosso sonhos de nação
Lenine / Carlos Rennó

12.01.2006

Não pise na grama!

Placa inútil e amarela: "Não pise na grama." Amarela pela ausência de girassóis. Inútil porque não tenho os pés no chão.

Fabio Rocha